Debruçado no meu silêncio naquela madrugada calorenta, ouvia a cidade dormir e sentado na calçada da casa de minha mãe, respirava a covardia dos meus conterrâneos.
O cansaço também tomou conta de mim e adentrei, liguei o chuveiro para refrescar-me e cair na cama.
E cadê a água?... Busquei a água gelada de uma das garrafas armazenadas na geladeira e tomei o "banho de gato", fui para a cama e nem assim o calor passava.
Clamei aos céus e aos poucos foi esfriando o meu corpo com a serenidade do aconchego, e indaguei ao Senhor que Tudo Concede:
"Por qual razão a seca ainda é tão atual nessa cidade, onde a população cresceu e tornou-se mais consciente do que na minha época?
Para não generalizar, fico por aqui mesmo, na minha "ignorante" indagação".
Aguardava uma resposta imediata, mas Ele preferiu embalar-me no sono profundo para esquecer um pouco a realidade.
Com isso, o silêncio durou poucos horas, tempo suficiente de refrescar as ideias, e obter a matinal resposta de Deus com um despertar aterrorizante.
Era um barulho ensurdecedor lá fora, nem lavei o rosto. E para minha surpresa, lá estava a platéia que foi dormir mais cedo do que eu e acordou cheia de entusiasmo, cruzando os braços, outros tomando café, outros, no entanto, compactuando, puxando uma corda, enquanto o moço todo valente, serrava uma árvore do meu tempo de criança e do tempo de criança daqueles mais velhos que eu.Só para priorizar a entrada do seu carro na pequena garagem construída por trás da árvore.
Queria interferir, mas confesso que me acovardei, alegando a mim mesmo que estava ali só de passagem e não deveria interferir na ação dos conterrâneos.
No mesmo tempo, voltei, lavei o rosto e registrei discretamente, depois fui para a rua e indignado falei em voz alta: "que absurdo, já não temos plantas em nossa cidade e aquele jovem acha de destruir justo aquela árvore, quase centenária."
E a mulher, bem mais velha do que eu, enfermeira (por sinal, uma ótima profissional) olha para mim com uma cara de quem se pudesse faria o mesmo que o jovem estaria fazendo com a pobre planta, franzindo a testa, estufando a bochecha e bufando colericamente:
"Que foi?... tem mais é que destruir mesmo. Essas porcarias só servem para sujar as calçadas."
Aquelas palavras foram tão penetrantes em mim, que senti-me morrendo um pouco, com o barulho dos rapazes festejando o galho cair da árvore.
Calei-me e segui, preferindo não presenciar mais nada. Deu vontade de denunciar na delegacia, mas ai pensei, tenho que agir de outra forma, mas qual meu Deus?
Conforme eu andava minha alma chorava por dentro, era uma angústia sem fim, e clamava a Deus que poupasse os inocentes que ainda estariam por nascer naqueles rincões.
E o sopro veio: "Por que você não gera um manifesto, pedindo para que se TRANSFORME EM LEI MUNICIPAL a implantação em toda a cidade com árvores frutíferas?"
O Manifesto foi ativado.
E só agora, já distante, compreendo que... aquela raça de ser pensante ainda não compreendeu que Deus não se manifesta dentro de uma sinagoga cercada de hipócritas. Onde apenas santificam uma fé "pagã" e absolutamente contrária ao mandamento maior que é "AMAR A DEUS SOBRE TODAS AS COISAS."
E ainda não compreenderam, também, que Deus nada mais é do que a sua manifestação latente através da Natureza.
O HOMEM NASCE ACHANDO QUE SUA GERAÇÃO É QUEM PERMANECERÁ PERPETUANDO COM O MAL OU O BEM, MAS, É A NATUREZA QUEM PREVALECE.
Se, lá, falta água, é pouco, e não é castigo de Deus.
Se, lá, o calor é mais forte que a última seca, não chamem por Deus em vão. Malditos!
Busquem uma solução por conta própria e devolva o que vocês menos cuidaram.
Se, lá, a comida começa a ficar escassa, vá clamar no deserto de sua consciência imunda. E degustem da sua própria conduta.
Agora brincam de protestar por água, quando deveriam estar plantando ÁRVORES FRUTÍFERAS mesmo na seca, pois, se ainda lhes resta água para matar a sede, um copo d'água, com certeza, sobrará para regar uma muda e mudar todo o clima e situação atuante.
MUDEM CONTERRÂNEOS, A FORMA DE VIVER !!!
NÃO DEIXEM QUE O CAOS OS ABENÇOE, PONDO CULPA NO DIABO OU JULGANDO SER CASTIGO DE DEUS.
Ainda é tempo de mudar.
Paullynho Piancó.
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